Assortatividade em redes: o algoritmo da afinidade
Entendendo a Correlação de Grau em Redes: quem se conecta com quem?
Você já parou para pensar se os “nós populares” de uma rede tendem a se conectar entre si — ou se preferem fazer amizade com nós menores, menos conectados?
Essa simples pergunta leva a um dos conceitos mais elegantes da Ciência de Redes: a correlação de grau e o coeficiente de assortatividade.
O que é o grau de um nó?
O grau de um nó é o número de conexões que ele possui.
Em redes não direcionadas, é apenas o número de vizinhos.
Já em redes direcionadas, distinguimos:
- grau de entrada (in-degree): quantas conexões chegam;
- grau de saída (out-degree): quantas conexões saem.
Esse número simples — o grau — é a base de muitas propriedades emergentes das redes complexas.
Correlação de grau: quando a afinidade cria estrutura
A correlação de grau mede o quanto o grau de um nó influencia o grau dos nós com que ele se conecta.
Em termos simples: quem se conecta com quem:
- Quando nós de alto grau se conectam a outros nós de alto grau, dizemos que a rede é assortativa.
- Quando nós de alto grau preferem se conectar a nós de baixo grau, a rede é disassortativa.
- Quando não há um padrão claro, a rede é neutra.
Essa propriedade não é apenas curiosa — ela muda completamente a dinâmica de propagação, robustez e resiliência da rede.
O coeficiente de assortatividade
Matematicamente, a correlação de grau é expressa pelo coeficiente de assortatividade ( r ), uma forma do coeficiente de correlação de Pearson aplicada aos graus dos nós nas extremidades de cada aresta:
[r = \frac{\sum_{jk} jk(e_{jk} - q_j q_k)}{\sigma_q^2}]
onde:
- ( e_{jk} ) é a probabilidade de uma aresta conectar nós de grau ( j ) e ( k );
- ( q_k ) é a probabilidade de que uma ponta de aresta termine em um nó de grau ( k );
- ( \sigma_q ) é o desvio padrão de ( q_k ).
O valor de ( r ) varia entre -1 e +1:
- ( r = 1 ): máxima assortatividade — nós semelhantes se ligam entre si.
- ( r = 0 ): aleatoriedade — sem correlação.
- ( r = -1 ): disassortatividade total — opostos se atraem.
Matriz de correlação ( E_{jk} )
Outra forma de visualizar a correlação é construir a matriz ( E_{jk} ), que mostra a fração de arestas que ligam nós de grau ( j ) a nós de grau ( k ).
Se os valores altos da matriz se concentram na diagonal, os graus semelhantes se conectam — a rede é assortativa.
Se aparecem fora da diagonal, é disassortativa.
Intuição visual
Imagine uma festa:
- Se os mais populares só conversam entre si — é uma rede assortativa.
- Se os populares conversam com os tímidos e vice-versa — disassortativa.
- Se todo mundo fala com todo mundo — neutra.
Por que isso importa?
O padrão de correlação de grau afeta diretamente:
Como uma epidemia (ou informação) se propaga;
A vulnerabilidade a falhas e ataques;
A formação de comunidades e hierarquias dentro da rede.
Entender essa métrica é essencial para qualquer análise de redes sociais, biológicas, tecnológicas ou políticas.
Para pensar
As redes que nos cercam — sociais, biológicas, econômicas ou cognitivas — têm padrões que revelam como afinidade, propósito e estrutura moldam a conectividade.
E entender quem se conecta com quem é, no fundo, uma maneira de entender como o mundo se organiza.
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