Fluxo em Redes: do Caminhão ao Máximo da OTAN

Hoje mergulhei em um dos temas mais fascinantes da Teoria dos Grafos: fluxo em redes.

Mais do que uma abstração matemática, esse conceito aparece em situações muito concretas — da logística de caminhões até a coordenação militar da OTAN

O que é uma Rede de Fluxo?

Podemos imaginar uma rede de fluxo como um sistema de canos de água ou de caminhões em estradas:

  • Existe uma fonte (source) que gera o recurso.

  • Um sorvedouro (sink) onde esse recurso precisa chegar.

  • E arestas com capacidades que limitam quanto pode ser transportado por cada conexão.

Três propriedades fundamentais governam esse sistema:

  1. Conservação: tudo o que entra em um nó intermediário precisa sair (não há estoque local).

  2. Antissimetria: o fluxo de ida e volta se cancelam (se A envia 4 para B, então B envia –4 para A).

  3. Valor do fluxo: corresponde ao total que sai da fonte (ou entra no sorvedouro).

Rede Residual: onde a mágica acontece

Quando já usei parte de uma estrada, sempre sobra a possibilidade de:

  • Usar o que restou (capacidade residual).

  • Desfazer parte do caminho (voltar com fluxo).

Exemplo:

  • Capacidade A→B = 10.

  • Se já mandei 7, sobram 3 no sentido A→B.

  • E existe agora a possibilidade de “devolver até 7” pelo caminho B→A.

Essa estrutura, chamada rede residual, é a base de todos os algoritmos de fluxo máximo.

Caminhos Aumentantes

Na rede residual, procuramos caminhos do início ao fim que ainda têm espaço. Se encontramos, empurramos mais fluxo. Quando não há mais, atingimos o fluxo máximo.

 Algoritmos de Fluxo Máximo

  • Ford-Fulkerson: empurra fluxo repetidamente por caminhos aumentantes até saturar.

  • Edmonds-Karp: garante eficiência escolhendo sempre o caminho mais curto (BFS).

  • Dinitz: organiza a rede em camadas (level graph) e empurra blocos de fluxo.

  • Push-Relabel: permite excesso temporário em nós, usando a ideia de alturas para “empurrar” recursos.

Cada um tem aplicações práticas diferentes, mas todos partem da mesma ideia: expandir até não haver caminho aumentante.

O Exemplo da OTAN

Para fixar, apliquei esses conceitos em um cenário de logística inspirado na OTAN:

  • Fontes: Estados Unidos e Alemanha (produção).

  • Hubs: Rotterdam, Nápoles e República Tcheca (trânsito).

  • Sorvedouros: Estados Bálticos, Polônia Oriental e Romênia (linhas de defesa).

  • Capacidades: limites de rotas (portos, estradas, ferrovias).

Esse exercício mostrou como gargalos (bottlenecks) determinam o fluxo máximo que chega a cada frente, independentemente da demanda ou da capacidade de produção inicial.

 Meu Aprendizado do Dia

  1. O fluxo máximo não depende apenas da produção ou da demanda, mas das arestas que conectam a rede.

  2. A rede residual é a chave para entender como o fluxo pode crescer ou ser revertido.

  3. Gargalos são inevitáveis — e entendê-los é essencial para otimizar qualquer sistema: logística, internet ou até redes de energia.

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